Corpo-memória: uma luta vestida de sonhos
- Lucas Brandão

- 29 de set.
- 3 min de leitura
Mostra dividida em quatro eixos marca primeira exposição do Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos (MTDH), no Sul Fluminense

No próximo dia 3 de outubro, a partir das 9h, será inaugurada a mostra 'CORPO-MEMÓRIA - Uma luta vestida de sonhos', no Museu do Trabalho e dos Direitos Humanos (MTDH), no Parque da Cidade, em Barra Mansa. Esta será a primeira exposição do museu criado em 2024. O MTDH é fruto do trabalho e resistência de sobreviventes, familiares de vítimas, militantes dos direitos humanos e de pesquisadores do Centro de Memória do Sul Fluminense, da Universidade Federal Fluminense (CEMESF/UFF).
NUNCA MAIS! | O museu é a prova viva de que os tempos são outros. Sua sede está localizada sobre a triste memória de pessoas torturadas e até assassinadas pela ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Lá funcionava o 1º Batalhão de Infantaria Blindada e o 22º Batalhão de Infantaria Motorizada do Exército, verdadeiros centros de terror e repressão sobretudo nos anos 1960 e 70.
UMA LUTA VESTIDA DE SONHOS
A mostra inaugural do MTDH acontece como afirmação de que a memória é viva e transmutada. De local de humilhações, medos e sofrimentos, hoje, revela a força dos indivíduos que suportaram a tristeza no corpo e nas lembranças, a resiliência e as lutas coletivas que marcaram aquele momento e estão presentes também neste tempo. CORPO-MEMÓRIA - Uma luta vestida de sonhos será dividida em quatro movimentos:
. Vestida de Sonhos - o museu como corpo-território
. Chão - as marcas das lutas no território
. Trabalhadores e Trabalhadoras - um corpo forjado no trabalho
. Lutas e Reparações - a luta por verdade, memória e justiça no sul fluminense
As portas do MTDH estão abertas para afirmar categoricamente: os tempos são outros, a memória é viva!
Confira o serviço:
O quê: Inauguração da primeira exposição do Museu do Trabalho e Direitos Humanos - CORPO-MEMÓRIA - Uma luta vestida de sonhos
Quando: Sexta-feira, 3 de outubro, a partir das 9h
Onde: MTDH - Praça da Memória, Parque da Cidade de Barra Mansa
Rua Roberto Silveira, s/n - Centro - Barra Mansa
Mais informações:
E-mail: mtdh.uff@gmail.com
SOBRE CADA UM DOS MOVIMENTOS DA MOSTRA
Movimento 1: Vestida de Sonhos
"Pode olhar padre, não estou nua, estou vestida de sonhos"
A partir da metáfora de um museu como corpo-território que, esvaziado de sentido pelo ímpeto do apagamento e do esquecimento das duras máculas autoritárias, o primeiro movimento da exposição - Vestida de Sonhos, nos convida à luta política a partir da reparação histórica. Este eixo ocupa a própria casa, sua área e superfície.
O movimento, que também é o subtítulo da mostra, é inspirado no relato de Estrella Bohadana, quando obrigada a ficar nua para ser torturada no corpo-território que hoje é o museu. Diante dos olhos envergonhados do padre Natanael, na época em que o lugar era só perversão, Estrella lhe confidenciou: "pode olhar padre, não estou nua, estou vestida de sonhos".
Fazem parte deste primeiro eixo as obras "Há Sombra do Coletivo", do Núcleo à Margem; "Mácula", desenhos efêmeros feitos por Ana Letícia Penedo e a instalação "Flamboyant", do Coletivo Sala Preta.
Movimento 2: Chão
O segundo movimento da mostra pretende revelar as marcas das lutas travadas no campo, nas fábricas e nas ruas que forjaram a resistência e a trajetória do sul fluminense até o presente. Assim, o eixo apresenta fotos, recortes de jornais e documentos da história da região, suas lutas, tristezas e resistências de seu povo.
Movimento 3: Trabalhadores e Trabalhadoras
O terceiro eixo da exposição se dedica ao movimento operário da região. Ele traz à tona um corpo coletivo, que luta por direitos e condições dignas de vida. Inaugurada em 1941, a Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, foi meio de povoamento e também foco da luta bravia da classe trabalhadora que, durante as décadas de 1950 e 1960 e, na de 1980, por meio de uma série de ações, conquistou importantes vitórias para a sociedade brasileira. Com isso, a partir da ditadura civil-militar, esses trabalhadores e trabalhadoras foram alvos da repressão política na região.
Movimento 4: Lutas e Reparações
O quarto e último movimento da exposição convida à reflexão sobre a luta por memória, verdade e justiça no sul fluminense. Iniciado antes mesmo do fim da ditadura (1985), esse movimento teve como atores a sociedade civil organizada, através de ações de perseguidos políticos, seus familiares, de setores progressistas da igreja católica, sindicalistas e movimentos sociais. O Museu do Trabalho e Direitos Humanos é fruto direto destas ações e dos ideais de democracia e justiça social, predicados inseparáveis da luta contra o autoritarismo e pela memória e reparação.
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